É mais do que o nosso Pais aguenta
Na Revista Veja de 24 de junho de 2009 li um ensaio de J.R.Guzzo que eu gostaria de ter escrito mas que vou comentar. Está certo que a matéria é antiga mas revista é para isso mesmo ou seja, é para publicar coisas mais duradouras, de consumo mais lento e de conteúdo mais profundo.
No ensaio, Guzzo faz considerações sobre a questão do emprego de funcionários públicos no Brasil pegando carona, pelo título (Empregos Secretos), no escândalo do Senado Federal capitaneado pelo Presidente da casa, Senador José Sarney que demonstrou ser "mais um" que insiste em dizer que não sabe de coisas que qualquer pessoa, que tenha o mínimo de sabedoria e de vergonha na cara, sabe.
Guzzo informa no ensaio que em 2007 ou seja 2 anos atrás e de maneira silenciosa, o Brasil atravessou uma fronteira que dá o que pensar, diz ele. Esta fronteira é a de que o nosso amado país atingiu o volume de 10 milhões de funcionários públicos, mais exatamente 10.168.680 segundo o IPEA, isto considerando a União, Estados, Municípios e empresas de Economia Mista.
Como hoje o Governo contrata quase mil funcionários por dia, também segundo ele, é de se imaginar que de lá até agora, mais ou menos 700.000 novos funcionários tenham sido contratados fazendo com que o volume total beire hoje onze milhões de funcionários ou seja, se o Governo fosse uma empresa, estaria crescendo a taxas próximas de 10% ao ano, um rendimento espetacular considerando que o próprio Governo estima a taxa de crescimento do país como um todo, com valores bem inferiores, quer dizer, para os outros, porque lá a gastança continua como se tudo estivesse às mil maravilhas .
Esta quantidade de empregos, não importa por onde se olhe, é enorme. Considere o seguinte, o Brasil tem 8.511.965 Km2 de área portanto, tem 1,29 funcionários públicos a cada quilômetro quadrado de área. Se estimarmos que as áreas de florestas, parques, reservas indígenas, de rios e lagos ocupem 1/3 desta área passamos a ter 1,67 funcionários a cada Km2 ocupado pela população brasileira a qual, tendo mais ou menos 200 milhões de pessoas, é composta de 5% disto por pessoas que vivem à custa do estado.
Em outras palavras, esteja onde estiver, se você andar 100 metros para frente e 10 metros para o lado voce, certamente, irá tropeçar em quase dois funcionários públicos quer dizer, em cada quadra de qualquer cidade brasileira que tem mais ou mebnos dez mil metros quadrados, você encontrará quase 17 funcionários públicos. Isto é demais.
Ainda, segundo Guzzo, o IPEA se defende dizendo que as nosssas taxas são inferiores às taxas da Holanda, da Australia e do Estados Unidos. Esta comparação é inócua na medida que se compara coisas incomparáveis quando se olha o que se passa sob o ponto de vista da eficiência. É melhor não comparar.
No Brasil, todos sabemos, falta gente nos serviços essencias e a maior parte dos funcionários trabalha mais do que deve e ganha menos do que merece e isto ocorre porque eles tem que sustentar uma quantidade absurda de pessoas que ganham, e bastante, para praticamente não fazer nada ocupando os chamados "cargos de confiança" aqueles que o Senador Sarney diz que não sabia que existiam mesmo que um neto e a mãe do neto tenham emprego no mesmo local de trabalho que ele frequenta. Não sabia porque não quer saber com certeza porque, desinformado nunca foi.
O que preocupa bastante é saber que, apenas na área federal durante o atual Governo, aumentou-se para perto de 80.000 o número de "cargos de confiança" onde os políticos podem contratar quem eles queiram (no caso do Senado, com "medidas secretas") e ai incluem-se amigos, parentes e associados quaisquer. Segundo Guzzo, nada se compara é claro ao empreguismo alucinado que o Senado Federal exibe ao público onde o exemplo vem de cima ou seja, da Presidência da Casa, de maneira safada, com atos secretos e o escambal. É triste. Pobre país o nosso. Onde será que vai parar?
Mas nem tudo está perdido. Dia destes eu estava conversando com o Argemiro. O Argemiro é uma pessoa humilde que trabalha na construção civil e não tem estudo além do suficiente para ler e escrever. Na conversa que tive com ele comentei que ia escrever esta matéria. Ele achou o tema interessante e me disse coisas que me fizeram pensar no meu futuro e no futuro do Brasil, a curto prazo.
O Argemiro não votou no Lula, aliás ele não gosta do Lula e do PT. Não está recebendo bolsa nenhuma e vive daquilo que ganha com o seu trabalho que, não é muito e o obriga a sobreviver com dificuldades assim como a maioria de nós. No seu jeito simples de ser ele me disse o seguinte:
"Seu Jeferson, o Lula tem dois planos para continuar mandando e fazendo o que quer no Brasil. O Plano "A" é eleger a Dilma e mantê-la sob controle até 2014 quando ele se candidata novamente a Presidente para ser eleito para um mandato de 4 anos, quiçá 8 ou mais se o Governo Dilma conseguir fazer passar mudanças na Constituição que permitam mandatos mais longos a la Hugo Chaves.
Todavia, caso a Dilma não vença a eleição, Lula e o PT aplicarão o plano "B" que consiste numa série de medidas desestabilizantes tais como greves sistemáticas do funcionalismo na área Federal e a cobrança de acordos existentes com MST e outros movimentos semelhantes visando fazer com estes se tornem mais ativos, como eram no Governo Fernando Henrique e, de forma surpreendente, não foram no Governos Lula. Estes movimentos todos serão conduzido pelo PT utilizando parte dos 80.000 cargos de confiança que foram preenchidos e que hoje se encontram estrategicamente distribuidos na máquina estatal e visam criar o caos e desacreditar um possível Governo dos Tucanos com Aécio ou Serra. Serão dias dificeis estes 4 anos ( ou menos sonha o PT) mas serão necessários para a preparação do terreno para a volta trinfal do Lula em 2014, talvez com mais força popular do que ele tem hoje."
Fiquei boquiaberto com a clareza do raciocínio do Argemiro e peço a Deus que ele não tenha razão mas, honestamente, acho que ele, na sua simplicidade, deu-me uma aula de política e de estratégia interessante. É bem provável que ele tenha razão, só o tempo dirá.
O Ipea tem mania de defender os trens da alegria - a contratação maciça de mais servidores.
Afinal, o pessoal do Ipea é tudo funcionário público!
Fico pasmo é com a ingenuidade desse pessoal que acha o Lula "socialista".
Não passa de um títete do sistema financeiro.
A primeira cosia que fez depois de engabelar o povo ignorante nas eleições foi chamar o tucano Meirelles para controlar a economia e aumentar a dívida monstruosa que os tucanos já haviam deixado, aumentando o desastre da ditadura gorilesca.
Ler essas coisas, embora esclarecedoras, servem para me deixar mais danada com nossa situação!